A rainha das raízes é brasileiríssima, como a gente! Desde sempre presente na nossa cultura, nossos antepassados indígenas já sabiam bem como cultivá-la e apreciá-la. No prato de 10 entre 10 brasileiros, ela tem um apelido carinhoso em cada região do país: aipim, macaxeira, uaipi, maniva...
E não é só por aqui que ela reina! É um dos alimentos básicos mais consumidos no mundo e foi escolhida como o alimento do século XXI pela ONU. Não bastasse ser deliciosa por si só, a mandioca ainda se transforma em inúmeras receitas e preparações, como farinha, farofa, tapioca, polvilho.
Por isso, ela não podia ficar de fora da nossa linha de ingredientes!
Comida é memória. Comida é identidade. Acreditamos que a mudança começa pelo nosso prato e (re)conhecer a origem da nossa comida resgata contos, memórias, e espalhar esse conhecimento é uma forma de valorizar nossa cultura.
E falar de mandioca é falar também sobre a história do nosso prato. Antes de tudo, vamos voltar um pouco no tempo...
A cozinha Afro-Brasileira foi aqui constituída pelos africanos escravizados. Eles trouxeram seus saberes ancestrais e enriqueceram as mesas brasileiras. A grande questão é que esses conhecimentos foram trazidos em condições de escravidão.
É extraordinário o feito das mulheres negras na cozinha, no período da escravidão e posteriormente também. As cozinheiras negras faziam maravilhas acrescentando ingredientes e dando toques de criatividade, transformando e enriquecendo os mais tradicionais pratos que hoje fazem parte do nosso dia a dia.
A farinha de milho e de mandioca eram obtidos pelos africanos escravizados através de técnicas indígenas. Os africanos usavam também pilões adaptados (o pilão é milenar na África).
A farofa era um alimento utilizado pelos africanos escravizados no cotidiano para saciar a fome: comiam farofa com água, farinha de mandioca pura, papa de farinha de mandioca... Na adaptação para a comida sagrada de Santo foi acrescido o dendê que eles já conheciam na África.
Para nós, mãe-terráqueos, comer está além de nutrir e saciar a fome, é construir uma identidade alimentar. Dos pratos mais icônicos até os mais simples, toda comida resgata uma época, nos aproxima da nossa própria cultura e diz muito sobre a nossa ancestralidade.